O relógio marcava quase 22h naquela sexta-feira quando o auxiliar de tecelagem William Farias (de 37 anos), acompanhado por sua esposa Thayse (29), sua filha Mikaelly (12), e seus sogros, saíram de casa com a água na altura da canela.
Nas ruas do bairro de Navegantes, em Porto Alegre, a cena era de caos: pessoas correndo, tentando resgatar pertences; enquanto a água lentamente subia. Com mochilas nas costas, William e sua família seguiram a pé nas ruas alagadas rumo à Igreja de Nossa Senhora da Trindade, a principal do bairro, em busca de refúgio.
“Chegando na igreja, a gente encontrou inúmeras famílias esperando lá também. Parecia que todos já sabiam que algo grave ia acontecer”
A família passou a noite abrigada dentro da igreja. Os longos bancos de madeira viraram camas improvisadas. Uma noite de insônia. Na escadaria ficaram os mais aflitos, vigilantes, observando o nível da água, que subia degrau a degrau conforme as horas passavam.
O resgate veio no final da tarde de sábado. Um grupo de policiais retirou as pessoas abrigadas na igreja. Durante 29 dias, William, Thayse e Mikaelly ficaram na casa do cunhado, esperando as águas baixarem. “A pior imagem que eu vi na minha vida foi na volta. Foi todo o meu suor, toda uma vida, tanto nossa quanto dos vizinhos, levadas pela força da água” , conta Willian.
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- A família não conseguiu salvar nada após a enchente, o que não foi danificado, ficou marcado por lama e lodo, deixados pelas águas. Arquivo pessoal.
William guardou no celular um curto vídeo gravado da noite que passaram na igreja.
O resgate veio no final da tarde de sábado. Um grupo de policiais retirou as pessoas abrigadas na igreja. Durante 29 dias, William, Thayse e Mikaelly ficaram na casa do cunhado, esperando as águas baixarem. “A pior imagem que eu vi na minha vida foi na volta. Foi todo o meu suor, toda uma vida, tanto nossa quanto dos vizinhos, levadas pela força da água” , conta Willian.
A virada
“A luz no fim do túnel veio quando escutamos falar do Compra Assistida”, recorda William. “A gente já não tinha mais força para o recomeço, a gente estava, psicologicamente, bastante abalado e emocionalmente também. A gente estava esperando uma luz, e o Compra Assistida surgiu como isso”. Daquele momento em diante, William, Thayse e Mikaelly não perderam tempo. “Juntamos nossas forças, fizemos o cadastro e oramos para Deus para que fosse o mais rápido possível e que tudo desse certo” .
“Eu não acreditava, foi só felicidade, a realização de um sonho”
Após passarem pelos trâmites do Compra Assistida, determinante para evitar fraudes, e com documentos assinados e chaves em mãos, a família pode respirar aliviada por ter sua casa própria novamente, dessa vez no bairro de Rubem Berta, também em Porto Alegre.
“Para a gente que passa o dia a dia trabalhando, a casa é tudo. Depois de tudo que aconteceu com a gente, depois de toda essa tragédia em todo Rio Grande do Sul, foi um alento para nosso coração, um ânimo novo para a gente recomeçar”, relembra William.
Compra Assistida
A modalidade Compra Assistida foi fruto de um esforço do Governo Federal, por meio do qual uma modalidade nova foi criada. O público beneficiado são as famílias Faixas 1 e 2, ou seja, aquelas com renda de até R$ 4.700,00. As famílias contempladas podem escolher imóveis disponíveis no próprio município, ou em outro no Rio Grande do Sul, à sua escolha, no valor de até R$ 200 mil.
Apenas as famílias atingidas pelas enchentes, com renda familiar de até R$ 4.700,00, são beneficiadas. Para evitar fraudes, as prefeituras fazem o crivo das famílias afetadas, juntamente com o ateste da Defesa Civil (Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional). Somente após isso, o Ministério das Cidades, a Caixa Econômica Federal e a Dataprev dão andamento nas checagens e processamento dos dados, para, depois, realizar as listas de seleções dos beneficiados.
Fonte Notícias/imagens: Agência GOV da Empresa Brasil de Comunicação – EBC – Leia Mais
