Pesquisar

Tire dúvidas sobre como funciona a Lei Rouanet — Agência Gov

Divulgação/Fonte

Compartilhe:

Algumas informações erradas sobre quem usa, quem paga e para quê serve a Lei Rouanet são corrigidas com perguntas e respostas

Persistentes, boatos sobre o uso da Lei Rouanet exigem a reiteração de alguns esclarecimentos. As equipes do Ministério da Cultura já estão acostumadas a isso. Uma das informações falsas mais comuns apontam a escolha de artistas por critérios políticos ou pessoais. Henilton Menezes, secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural nega e diz que os critérios são técnicos.

Ele destaca que os projetos que concorrem aos incentivos fiscais da Rouanet chegam ao MinC pela plataforma digital, aberta a qualquer proponente. Após a chegada, as equipes do ministério checam se o projeto obedece aos critérios técnicos. Menezes explica:

Cabe ou não na lei? – “Por exemplo: a proposta de fazer uma partida de futebol. Não é um objeto cultural, apesar de o futebol ser cultura. Mas eu posso fazer um museu do futebol e posso contar a história do futebol. Eu posso contar a história de uma personalidade do futebol. Mas a partida em si, o jogo, caberia ao Ministério do Esporte. Então, a primeira coisa é saber o seguinte: essa proposta cabe nos pré-requisitos da lei?”, garante.

Gostos e preferências – “Não há nenhuma vedação para tipo ou estilo algum de arte, estilo ou música. Não há nenhuma vedação para música que tem o seu caráter religioso, por exemplo, desde que não seja proselitismo religioso. Proselitismo é usar aquela manifestação cultural para convencer alguém a assumir aquela religião. Mas uma manifestação cultural que tenha música com tema religioso, como a música do Roberto Carlos, ‘Jesus Cristo’, que é música amplamente conhecida, eu não posso prescindir. Aquilo é uma música”, diz Menezes.

Quem aprova – “Este programa funciona com vários atores. Quem é o gestor do programa somos nós aqui na Secretaria, mas o Ministério todo participa do programa. Por exemplo, se eu recebo aqui um projeto de restauro de um patrimônio histórico ou um projeto que fala de um bem tombado imaterial, como o frevo ou o samba, como eu não sou a unidade técnica para dar um parecer, eu mando ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). E o Iphan vai dar o parecer técnico. Se é o restauro de um museu, nós procuramos o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus). Se é uma exposição de arte, eu vou mandar para a Funarte (Fundação Nacional de Artes). Um projeto de cultura negra, eu mando para a Fundação Palmares.  Um projeto de audiovisual, enviamos para a Ancine (Agência Nacional do Cinema). Daí vem a análise técnica”.

Menezes prossegue: “A terceira camada de aprovação é a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura. Ela é formada paritariamente pelo Governo e pela sociedade civil. Todos os projetos precisam ter a aprovação da Comissão Nacional de Cultura. A Comissão se reúne uma vez por mês. É um colegiado que analisa todos os projetos que vão entrar em execução. A decisão é tomada pelo voto, por 16 pessoas. Um voto contrário ou um parecer, faz o projeto voltar para outra análise. E a quarta camada de aprovação é a autorização da ministra”.

Quem paga – Se o projeto artístico-cultural for aprovado, o proponente (artista ou grupo) recebe uma espécie de certificado que autoriza a captação. “É a garantia ao empresário de que aquele projeto vai gerar incentivo fiscal”. A partir deste ponto, a responsabilidade é toda do empresário, a quem caberá escolher se quer patrocinar, e qual projeto lhe interessa. Montado o projeto, a empresa ou a pessoa física patrocinadora tem direito a isenção de imposto equivalente.

Quanto – A Lei Rouanet prevê faixas de incentivo para cada tipo de proponente, ou seja, para cada tipo de pessoa ou grupo que reivindica acesso a verbas proporcionadas pela Rouanet. O limite máximo para proponente pessoa física é de R$ 500 mil. Para microempresas, o teto é de R$ 1 milhão. A escala segue até o valor de R$ 10 milhões, para grandes empresas, como produtoras. Este teto pode ser ampliado em casos especiais, como restauro de patrimônio histórico.

Já para os patrocinadores, a regra é outra. O valor máximo do projeto (ou conjunto de projetos em que se vai investir) equivale a 4% do imposto devido. Grandes bancos, dada a rentabilidade que têm, costumam ser os maiores patrocinadores. Qualquer patrocinador, se tiver fôlego, pode patrocinar mais de um projeto.

Dinheiro “dado” e sem retorno? –  A cada R$ 1 de isenção para projetos culturais, estudos independentes estimam que há um retorno de R$ 1,60 em impostos. Mas o retorno é maior, porque nem todas as atividades que se beneficiam de atividades culturais pagam impostos. Exemplo: o pipoqueiro na porta do teatro. Somando todas as atividades impactadas pela indústria cultural, o retorno é de R$ 6 para cada R$ 1 de isenção, segundo o Ministério.

Privilégio de artista? – A cultura é uma cadeia produtiva. E as cadeias produtivas existentes recebem apoio do Estado, seja em isenção fiscal, seja em crédito produtivo subsidiado: indústria automotiva, agronegócio, empresas de comunicação, entre outras. O incentivo à cultura representa 0,6% do PIB, embora a cadeia produtiva cultural represente 3% do mesmo PIB.

Por que tanto ruído? – Henilton Menezes destaca que, ao comprar um liquidificador, ou um automóvel, o consumidor não encontrará um selo, ou adesivo, sobre o qual está escrito: “feito com apoio do Governo Federal”, Mas projetos apoiados pela Lei Rouanet, sim. Além disso, argumenta, “uma pessoa compra um liquidificador, vai para casa, faz seu suco e não acontece nada. O mesmo liquidificador que você compra, o americano compra, um peruano compra, um colombiano compra, o liquidificador faz a mesma coisa. Se você vai a uma peça de teatro, sai diferente, você sai um pouco mais cidadão do que você entrou. Porque o papel da arte é questionar a verdade e fazer você pensar”.

“Ainda estou aqui” –  Ao contrário do que tentaram insinuar nas redes sociais, o filme não teve recursos captados pela Lei Rouanet. Normalmente, espetáculos de artistas muito famosos, como duplas sertanejas, por exemplo, não precisam da lei de incentivo fiscal, porque têm grandes públicos e bilheterias que pagam o espetáculo com facilidade. Por outro lado, peças de teatro, mesmo com artistas consagrados, só conseguiriam pagar todos os custos e ainda remunerar os artistas se cobrassem ingressos ainda mais caros ou se fossem apresentadas em estádios de futebol. Em casos assim, a Lei Rouanet é de grande ajuda.

Custos invisíveis – Uma exposição de arte, com acervo pertencente a museus internacionais, é um bom exemplo de custos nem sempre visíveis. Uma coleção renascentista, por exemplo: o preço dos seguros para as obras e as exigências técnicas – como transporte de quadros em diferentes aviões ou limite de pessoas que podem permanecer durante certo tempo em uma sala de exposição, devido a questões como temperatura e umidade, elevam sobremaneira os custos. Para tanto, a Lei Rouanet facilita a captação de recursos. “Quem reclama disso são pessoas que podem ir a Paris ou Nova York, ver as obras nos museus proprietários. Não o trabalhador ou a trabalhadora que quer ver sem pagar muito e na cidade onde vive”, argumenta Menezes.

No governo anterior não tinha – De fato, segundo o MinC, o governo anterior dificultou o acesso dos projetos candidatos a incentivos da Lei Rouanet. Como no caso da Petrobras, citado acima. Mas isso não quer dizer que a Rouanet deixou de captar recursos no período. É verdade que muitos projetos já tinham sido aprovados em exercícios anteriores – cada projeto tem até cinco anos para tentar captar verbas, a partir do momento em que é aprovado. Mas que tinha, tinha.

rouanet_balanco_ano_a_ano.jpeg

Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc são outra coisa – A lei Paulo Gustavo foi criada durante a pandemia e representa o maior valor investido diretamente em cultura na história do Brasil. Isso significa que o dinheiro vai direto aos estados e municípios para apoio a projetos locais, sem incentivo fiscal. A lei Aldir Blanc é parecida, e dá sustentação ao Fundo Nacional de Cultura.

Como checar – Há uma ferramenta do MinC onde os internautas podem conferir se a Madonna recebeu recursos da Lei Rouanet e outras informações mais ou menos pertinentes. Leva um tempo até se acostumar, mas depois a navegação é simples e o sistema de busca por palavras-chaves, razoavelmente eficaz. É o portal Salic.




Fonte Notícias/imagens: Agência GOV da Empresa Brasil de Comunicação – EBC – Leia Mais

Leia também:

Lupi diz que sempre foi contra descontos em benefícios previdenciários

Postado em 30 de abril de 2025

Polícia Civil prende corretor de imóveis suspeito de aplicar diversos golpes em Roraima

Postado em 30 de abril de 2025

Governo de Roraima garante participação do Estado nos Jogos Escolares Brasileiros 2025

Postado em 30 de abril de 2025