Pesquisar

por uma reforma da governança global para eliminar desigualdades — Agência Gov

Divulgação/Fonte

Compartilhe:

Historicamente, países do Sul Global ainda estão apartados dos quadros de tomada de decisão das organizações multilaterais. Embora, recentemente, existam movimentos para suprir essa lacuna, como o aumento dos lugares na administração do FMI à África Subsaariana, por exemplo, ainda são insuficientes dada às necessidades desses países no que diz respeito à superação das desigualdades, combate à pobreza e os efeitos da crise do clima.

Luiz Vieira é coordenador do Bretton Woods Project, uma rede de organizações não governamentais e movimentos sociais britânicos que busca pressionar as instituições financeiras internacionais para que seus programas fortaleçam dos direitos humanos das populações em situação de vulnerabilidade, em vez de acentuá-las. Vieira avalia que atual sistema é anacrónico e, mesmo apesar dos múltiplos esforços de países do Sul Global para mudar a correlação de forças, as nações ricas dominam o poder de decisão, as regras e normas da economia internacional. 


“O atual sistema impõe restrições à soberania dos países do Sul Global com sérias consequências concretas aos seus cidadãos, estabelecendo e reforçando limites às políticas destes países em setores chaves como tributação, dívida, e a capacidade de desenvolver políticas industriais necessárias para escapar à dependência na exportação de produtos de base e consequentemente evitar choques externos, incluindo aqueles que resultam da crise climática”, salienta.


Na leitura de Vieira, a desigualdade e as injustiças desse sistema nas ações de resposta e recuperação das economias da pandemia da Covid-19 resultaram “em milhões de mortes no Sul Global com a concentração de acesso às vacinas e equipamento de proteção pessoal elementos chaves da dinâmica”. Para ele, a reforma é uma questão “de vida ou morte” por seus impactos à capacidade dos países garantirem os direitos humanos dos cidadãos.

Blum descreve que esse cenário acentuou a tendência de diferentes países por práticas protecionistas que, segundo o pesquisador, vem se aprofundando desde a crise financeira global de 2008. “Os desafios que o mundo enfrenta hoje parecem desafiar essa lógica, pois tal como no caso da pandemia de Covid-19, não podemos mais falar de fenômenos que podem ser controlados por meio de políticas nacionalistas e protecionistas. A Covid-19 faz refletir, da mesma forma que no caso da emergência climática, que ninguém está protegido enquanto alguém estiver desprotegido”, destaca.

É a partir deste panorama que Silva defende que as demandas do Sul Global sejam representadas e tratadas com seriedade e a reforma da governança pode ser um primeiro passo para tratar as questões dessas nações, principalmente, para promover a transição ecológica. “Uma reforma que queira tratar de desigualdades, enquanto resolve outros problemas pode ter a geração de empregos verdes como elemento central. Isso demanda investimentos e recursos que os países do Sul Global não têm ou têm dificuldade de acessar – crédito de longo prazo, financiamento de projetos direcionados – mas que podem e precisam ser melhor direcionados a partir de reformas na governança econômica internacional”, exemplifica Pedro.

Governança internacional precisa de mudanças essenciais

Luiz Vieira propõe ainda mudanças no equilíbrio do poder decisório global. Ele sugere o fim do acordo informal que mantém a liderança do FMI com os europeus e a presidência do Banco Mundial com os americanos. Para ele, a seleção dos líderes dessas instituições deveria ser baseada em mérito e acontecer em processos formais e transparentes. Outra mudança indicada pelo especialista é a suspensão imediata do sistema de sobretaxas do FMI, que penaliza países pelo tamanho ou duração de seus empréstimos. 

Para Vieira, é fundamental  que tanto o Banco Mundial como o FMI desenvolvam uma política de direitos humanos como orientadora dos seus programas e iniciativas, como base para criar um sistema financeiro internacional mais justo e equitativo. Por fim, indica que as instituições de Bretton Woods sejam integradas ao sistema ONU, com “a gestão e elaboração do sistema financeiro significativamente transferido para a ONU”, exemplifica, “O FMI não deveria ter um papel chave no processo de resolução de crises de dívidas – sendo que a instituição é credora e, portanto, sofre de um conflito de interesse durante os processos”, reforça. 

Gustavo Blum destacou que a complexidade da situação da ONU no que se refere a uma reforma não se deve necessariamente à sua estrutura, mas à evolução de suas funções ao longo das últimas décadas. Segundo ele, a organização expandiu seu papel de um fórum internacional de debates para uma entidade com uma agenda mais propositiva, oferecendo diretrizes para os Estados membros. 

O analista enfatizou a importância de iniciativas como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030, que transformaram a ONU em um referencial para políticas públicas globais. Mas Blum apontou que o sucesso dessas iniciativas depende da adesão voluntária dos países, o que está fora do controle direto da organização. “Encontrar uma forma de engajar os países, além de formas de avançar na democratização internacional destas instituições, parece ser um caminho importante a trilhar atualmente”, indicou.




Fonte Notícias/imagens: Agência GOV da Empresa Brasil de Comunicação – EBC – Leia Mais

PUBLICIDADE

Leia também:

EM SESSÃO ORDINÁRIA
ALERR reconhece quatro instituições como de utilidade pública em Roraima

Postado em 18 de dezembro de 2025

Governo de Roraima regulamenta parcelamento do IPVA 2026 em até 10 vezes

Postado em 18 de dezembro de 2025

“CUIDAR PARA CURAR”
Secretaria Especial da Mulher cadastra famílias para projeto de acolhimento infantil

Postado em 18 de dezembro de 2025