Projeto brasileiro visa a atender necessidade de novas rotas, mais curtas e logisticamente menos custosas, diante do potencial das exportações e importações com a Ásia
O secretário de Articulação Institucional do Ministério do Planejamento e Orçamento, João Viilaverde, apresentou o projeto das cinco rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano para embaixadores e representantes de embaixadas dos países da América do Sul nesta terça-feira (5/11).
O encontro faz parte da agenda de reuniões para tornar conhecido o projeto brasileiro, construído a partir do que foi acordado no Consenso de Brasília.
“Este é um processo vivo, está começando e não vai parar por aqui. Com esse evento queremos mostrar a equalização de tudo que está sendo feito e a importância do financiamento para que esse projeto se torne real. A integração sul-americana é um dever constitucional, mas não conseguiremos fazer isso sozinhos”, ressaltou o secretário.
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Villaverde explicou que a ideia das rotas surgiu como uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após encontro de líderes da América do Sul, em maio de 2023, resultando na retomada da agenda da integração regional. Após conversas com os 11 estados brasileiros que fazem fronteira com países da América do Sul, o que facilitou a compreensão das várias realidades, o Ministério do Planejamento e Orçamento construiu o projeto das cinco rotas.
Elas têm o duplo papel de incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países sul-americanos e reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre o Brasil e seus vizinhos, inclusive com a Ásia, pois o Brasil se transformou num país que transporta muito para o continente asiático, majoritariamente para a China.
Luis Alberto Aparicio Bermúdez, embaixador de El Salvador, disse que o Brasil é um motor de integração regional enquanto está caminhando para a prosperidade e citou que a América Latina vive um momento único economicamente que precisa ser aproveitado. “Estamos imaginando muito mais que caminhos e portos, estamos desenhando a nova energia motora da economia nesta reunião, a proposta do Brasil é incrível. El Salvador poderá contribuir e ser beneficiado com as oportunidades comerciais. Nossos países só têm a ganhar com essa integração”, defendeu Bermúdez.
As rotas
1 – Ilha das Guianas
A primeira rota inclui integralmente os estados de Amapá e Roraima e partes do território do Amazonas e do Pará, articulada com a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e a Venezuela.
2 – Multimodal Manta-Manaus
Essa rota contempla todo o estado do Amazonas e partes dos territórios de Roraima, Pará e Amapá, interligada por via fluvial à Colômbia, Peru e Equador.
3 – Quadrante Rondon
Rota formada pelos estados do Acre e Rondônia, além de toda a parte oeste de Mato Grosso, conectada com Bolívia e Peru. Segundo Villaverde, a rota 3 tem sido chamada de “rota do futuro”, por seu potencial na conexão comercial. Em 2023, o estado enviou produtos no valor de US$ 1,4 bilhão para o continente sul-americano, marcando um expressivo crescimento de 53% em relação ao ano anterior. Com a nova rota esse potencial irá aumentar ainda mais.
4 – Capricórnio
A rota 4 compreende os estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, ligada, por múltiplas vias, ao Paraguai, Argentina e Chile.
5 – Porto Alegre-Coquimbo
A quinta rota abrange o estado do Rio Grande do Sul, integrada à Argentina, Uruguai e Chile. Segundo Villaverde, a rota vai passar por alteração no trecho entre Córdoba (Argentina) e Coquimbo (Chile).
Financiamento
Além dos recursos orçamentários, as obras de integração no território brasileiro podem contar com um financiamento de US$ 3 bilhões do BNDES, enquanto os bancos regionais de desenvolvimento – Banco Interamericano de Desenvolvimento BID), Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e Fonplata – disponibilizaram outros US$ 7 bilhões.
Segundo Villaverde, o Banco de Desenvolvimento da América Latina e o Caribe (CAF) é importante parceiro no projeto de integração dos países, principalmente porque é o único banco que nasceu com esse propósito, e “desde os anos 60 não mudou seu interesse de integrar o nosso continente”.
O Gerente de Infraestrutura Física e Transformação Digital do CAF, Antonio Silveira, explicou que existem quatro desafios principais: a redução dos custos aduaneiros com medidas de facilitação do comércio, o fornecimento da infraestrutura para integração física e funcional, a adaptação da regulamentação nacional e integração regional produtiva e a convergência para uma agenda de sustentabilidade ambiental, social e climática.
PAC
Villaverde explicou que, entre os mais de 9,7 mil projetos do Novo PAC, foram identificados 190 com potencial de contribuir com a integração regional. O MPO está em diálogo com os governos e a sociedade civil dos estados fronteiriços e países vizinhos para aprimorar as cinco rotas.
Entre os projetos de infraestrutura estão 40 hidrovias, 35 aeroportos, 21 portos, 65 rodovias, 15 infoviárias, 9 ferrovias e 5 linhas de transmissão de energia. Todos os projetos estão espalhados nos estados que fazem fronteira com os países da integração.
Villaverde explicou que o Brasil vai conseguir, com o projeto de integração, reduzir a distância e o tempo de viagem até a Ásia, aumentar a competitividade dos produtos brasileiros e sul-americanos e ampliar intercâmbios e laços culturais com os países vizinhos. “O Brasil é um motor essencial para proporcionar que cada país, grande ou pequeno, tenha a oportunidade de crescer economicamente e no âmbito do comércio exterior”, disse o secretário.
Fonte Notícias/imagens: Agência GOV da Empresa Brasil de Comunicação – EBC – Leia Mais